8 de janeiro de 2012

Milagre nos Andes

Esse é o primeira postagem do ano e nada melhor do que começar com uma história de superação humana.



Em 13 de outubro de 1972, uma equipe de jovens uruguaios, jogadores de Rúgbi, alguns na companhia de amigos e familiares, embarca de Montevidéu num avião fretado – um Fairchild F–227 da Força Aérea Uruguaia – rumo a Santiago, no Chile. No total, haviam 45 pessoas. O objetivo era participar de um jogo amistoso e passear. Mas no momento em que estavam sobrevoando a Cordilheira dos Andes, o avião não resiste às más condições climáticas e despenca numa geleira, matando 13 pessoas. Esse foi o começo da mais espetacular prova de resistência humana que se tem notícia na história.

Após a queda, outros 16 passageiros foram morrendo um a um, vítimas dos ferimentos, da fome, das temperaturas glaciais e até de uma avalanche. No fim, depois de 72 dias presos naquele lugar inóspito, comendo a carne dos corpos dos mortos para se alimentarem, os 16 sobreviventes são resgatados, não sem antes dois deles – Nando Parrado e Roberto Canessa – realizarem uma viagem épica em busca de ajuda. Por dias, os dois caminharam em busca de socorro, enfrentando, nas montanhas, temperaturas desumanas, ventos violentos, altitudes sufocantes, o cansaço, os ferimentos e tudo mais que uma estada de mais de dois meses na Cordilheira dos Andes pode provocar. Exaustos, os dois acabam por encontrar uma propriedade onde pedem ajuda, para eles próprios e para os demais que ficaram na fuselagem a quilômetros dali.

Mais detalhes dessa história aquiaqui.

Após despertar de uma concussão somente para descobrir que sua mãe havia falecido no impacto e que sua irmã encontrava-se à beira da morte, Nando Parrado tornou-se um obcecado pela sobrevivência, convertendo-se em herói após ter caminhado durante 10 dias em busca de socorro com seu companheiro de time Roberto Canessa. Pouco depois do resgate dos 16 sobreviventes, Nando colaborou com Paul Read, autor eleito pelos sobreviventes para escrever a sua história, no livro “Alive”, que se tornou um sucesso mundial de vendas. Vinte anos mais tarde, Nando tornou-se assessor técnico na produção do filme com o mesmo título, de autoria dos cineastas Frank Marshall e Kathleen Kennedy, com Ethan Hawke vivendo o papel dele próprio. O filme pode ser visto à baixo:


É impossível descrever ou imaginar fielmente o que essas pessoas passaram durante os aterrorizantes 72 dias das suas vidas.

A Cordilheira dos Andes é uma vasta cadeia montanhosa formada por um sistema contínuo de montanhas ao longo da costa ocidental da América do Sul.. A cordilheira possui aproximadamente 8000 km de extensão. É a maior cadeia de montanhas do mundo (em comprimento), e em seus trechos mais largos chega a 160 km do extremo leste ao oeste. A Cordilheira dos Andes se estende desde a Venezuela até à Patagônia, atravessando todo o continente sul-americano, caracterizando a paisagem do Chile, Argentina, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia, também conhecidos como países Andinos.

Foi nese lugar que o avião caiu. Dá para imaginar o desespero de não saber onde se está? De olhar para os lados e só ver montanhas e neve? Do frio de - 30°C? E as únicas coisas que você tem para sobreviver é a fuselagem do avião, algumas garrafas de vinhos, barras de chocolates, muitos cigarros e algumas roupas e encontradas nas malas.

Todos tinham em torno de 20 anos de idade, sem praticamente conhecer o que era sofrimento, quando despencaram em um inferno de gelo. Quando tudo parecia perdido, emergiu daqueles estudantes uma força do mesmo tamanho da montanha em que colidiram. De onde surgiu ânimo para não enlouquecer ou se deixar morrer?

Nando Parrado, que perdeu a mãe e a irmã na tragédia, que ficou em coma por três dias logo após a queda e por pouco não foi deixado para morrer do lado de fora da fuselagem foi o grande herói dessa história. Se não fosse por sua vontade de viver e voltar para o seu pai (para que este não perdesse todos da família), talvez todos teriam morrido.

Vale à pena conferir o documentário incrível feito pelo History Channel:



Vejam algumas partes emocionantes que retirei de um site:

Nando ressuscitou ao terceiro dia:
— Não despertei de um golpe, porque vinha de outra galáxia. Lembro que primeiro tentei falar e não consegui. Perguntei por minha mãe e minha irmã. Não havia tempo para sentimentos. Tratei de me recuperar para estar com Suzana.
Suzana morreu na oitava noite, abraçada a ele: — Não havia socorro. Ela esteve sempre num estado de semiconsciência, querendo sair para a vida, mas sem conseguir arrancar...
— Eu decidi, naquela hora, que não tinha tempo para pensar em sentimentalismo. Não é o lugar, disse. Não posso perder energias no sofrimento. Vou gastar tudo o que tenho para sair desse lugar.
— Coloquei uma cortina de aço inoxidável na parte afetiva da minha mente. Essa parte não funcionou. Não tive um segundo de lamento. Queria sair, voltar para o meu pai e dizer: eu estou vivo!

Na segunda, 23, Marcelo Pérez e Roy Harley captaram, no rádio improvisado, a pior das notícias — o cancelamento oficial da busca do Fairchild. Dez dias depois de procurá-lo, em vão, a Força Aérea Chilena desistira.

Nando morreu pela segunda vez na quase-noite do 17º dia — quando uma avalanche de neve desabou sobre o Fairchild. A avalanche matou oito pessoas. Houve outra avalanche uma hora depois da primeira — enterrando completamente o Fairchild —, e os 19 sobreviventes ocuparam-se, nos dias seguintes, em cavar túneis em busca de saídas.

— Foi sorte pura encontrar o camponês que nos salvou. Esse foi o primeiro dia em que o camponês subia a montanha — o que não podíamos prever. Ele apareceu a 400 metros, do outro lado do vale, sem ruído. Se Canessa não estivesse sentado naquela exata posição, não o veríamos passar. Se tivéssemos saído do Fairchild um dia antes, Roberto morreria antes de vê-lo. Se tivéssemos saído um dia depois, também não o teríamos visto, porque já teria descido.

— O grande momento foi o momento em que senti que ia viver — quando vimos o camponês. Outro, o mais lindo da minha vida, foi quando voltei com o helicóptero para resgatar os demais. Quando apontei onde estava o avião eles não quiseram acreditar, não acharam possível que tivéssemos caminhado 160 quilômetros pelas montanhas. A satisfação de ter conseguido é algo impossível de exprimir.

Qual foi a lição de vida que você tirou de tudo isso? 
— Foi sorte, foi Deus, mas a verdade é que o ser humano também é muito forte. As pessoas falam no milagre dos Andes — mas nem sempre há que acreditar que tudo é coisa de Deus. Ele esteve presente — não tenho dúvida —, mas se tivéssemos ficado sentados lá, não teríamos saído.

Em que você pensa quando as montanhas voltam à memória? 
— Num único ponto: por que escolheram a nós e não a outros que eram muito melhores do que nós? Qual foi o critério de Deus? Não tenho resposta. Como ser humano me gratifica pensar que fiz todo o esforço que era possível fazer — e que o prêmio maior de tudo isso é a minha família. Meu pai, que está vivo e bem. Minha esposa e minhas filhas, que não existiriam se eu tivesse ficado lá.


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